Consumo sustentável é um tema bastante debatido nos
últimos anos: o impacto ambiental, as mudanças climáticas, acúmulo de lixo e
uma data de conscientização 15 Outubro – Dia do Consumo Consciente. Contudo, existem
alguns outros aspectos sociais e pessoais que precisam ser tratados em
conjunto.
Cada um de nós é
responsável pelos próprios atos de desequilíbrio consumista! Mas, é certo que
recebemos uma ajudinha... Corpo, alimentação, animais de estimação e filhos
passaram a precisar urgentemente de produtos e serviços que sequer existiam
antes. Quais, então, são os fatores que influenciam nossas atitudes a ponto de comprarmos por impulso?
Os mais preocupantes
são o despreparo para lidar com a cultura de consumo imposta pelo mercado em geral
e a exposição ao stress diário, que colaboram com o agir do pensamento preguiçoso. Pensar dá trabalho, então, procuramos
entretenimento para manter a mente distraída, afastada de situações que perturbem
ou causem desconforto.
Os estrategistas em
“Marketing de Consumo ou Marketing
Comercial” são bem informados e se dão ao trabalho de pensar no seu lugar.
Estudam o comportamento motivacional cíclico das pessoas,
características individuais, nível social, cultural, suas ações e reações em
relação à frustração (comportamento ilógico ou sem normalidade; agressividade por
não poder dar vazão à insatisfação contida; nervosismo, insônia, distúrbios
circulatórios e digestivos; falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;
passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência à mudanças,
insegurança), sua percepção de valor e preço (pelo quê estão dispostas a pagar
mais), variáveis de postura quando a compra é pessoal ou para presentear, e
possíveis maneiras de interferir em seu estado emocional, despertar desejos e provocar mudanças nos hábitos de
consumo e no modo como suprem suas necessidades, assim consideradas:
DESMOTIVACIONAIS
· Fisiológicas
ou do corpo (fome, sono, sexo, excreção);
Segurança
física e emocional (abrigo, emprego estável, plano de saúde, seguro de vida);
MOTIVACIONAIS
· Sociais
ou de relacionamento (amor, afeição, pertencer a um grupo)
Status
(autoestima, reconhecimento de nossas capacidades, desempenho);
Auto
realização (social, física e espiritual).
Tentam de forma
constante convencer seu público alvo. Criando
novas necessidades de forma racional, facilitando o pagamento, preenchendo o
emocional com estímulos sensoriais, utilizando-se de ferramentas de propaganda
e publicidade inseridas nos diversos canais de mídia (TV, internet, radio,
revistas especializadas, catálogos, outdoors, etc), elevando cada vez mais os níveis de expectativa e estilo de vida.
Esse é o papel e a
função desses profissionais na economia, na política e no social, aceitável no
aspecto mercadológico, questionável, porém, no aspecto ético.
MULHERES:
Direcionamento para
a chamada “compra emotiva”, como reação diante da
intensidade do estímulo e das circunstâncias, desencadeando ondas de euforia, depressão,
pânico, ódio ou paixão.
A emoção é uma
experiência de duração breve, acompanhada por componentes físicos, motores e
glandulares, com alteração da produção hormonal de serotonina, primariamente
responsável pela nossa percepção do nível de recursos atual em relação ao que é
preciso para sobreviver.
HOMENS:
O interesse do
público masculino é despertado pela praticidade, eficiência e resultados que o produto ou serviço oferece, além de
aparência e design. Também é preciso objetividade, rapidez e
diferencial no atendimento, qualquer dificuldade faz com que mude de ideia.
Não por acaso, compras pela internet são as preferidas desse grupo... Nos espaços físicos, os itens são dispostos de forma organizada, por marca e tipo, fáceis
de achar e ao alcance das mãos. A necessidade
aqui é a de status, por isso a publicidade explora bastante os conceitos de
arrojo, virilidade, aventura, sensualidade e conquista, de preferência com as
presenças da figura feminina e da cor prata.
CRIANÇAS:
As crianças são instrumento de mudança no comportamento e nos hábitos de consumo da
família, por conta que muitos pais cedem aos seus desejos (quer
pelos sentimentos de nostalgia: lembranças da infância, eu não tive..., quer
pela insistência!), além dos pequenos servirem como elo para
levar a família aos centros de compras. Daí serem altamente expostas a
influência da mídia, como futuros consumidores de determinadas
marcas ou serviços incutidos em suas mentes desde cedo.
As estratégias mais
utilizadas para atraí-las são produtos ou eventos com personagens de desenhos
animados e brindes. Disponibilidade de playground, cinema, parques e espaços
temáticos tal os da época do Natal, com Papai Noel.
JOVENS
E ADOLESCENTES:
São tratados como “público de reabastecimento”, de renovação a cada década ou menos.
Curiosos e rebeldes, buscam símbolos de representação da vida adulta.
Alvos preferidos da
indústria do fumo, que apela para paladar e visual, cigarros saborizados em
embalagens modernas, mais longas e estreitas que remetem a idéia de beleza,
sucesso, liberdade, poder e inteligência.
Capitaliza sua imagem pelo patrocínio a eventos de grande porte que contam com a ampla
cobertura da mídia, como festas de público seleto e a Fórmula 1.
Enquanto em outros
países o maço de cigarros chega a custar o equivalente a R$ 19,00, no Brasil a
média de preço fica em torno de R$ 3,00...
TERCEIRA
IDADE
A expressão
“Terceira Idade” foi adaptada do francês e nada mais é do que uma forma de
tratamento das pessoas com mais idade que não adquire conotação depreciativa.
De fato, despertou para um público que em nada se aproxima do conceito conservador
de IDOSO, atualmente o tema é “socialização e gestão da velhice”.
Essa faixa etária é
considerada a GERAÇÃO A: Autênticos, Ativos e querem tudo pra Agora!
Uma geração disposta a quebrar paradigmas, rejeita rótulos e estereótipos.
Dispõem de tempo e
renda para as compras, querem experimentar muitas coisas, trocam de marca com
facilidade – preocupação constante da indústria de cosméticos - e estão
inseridos no ambiente tecnológico. Envelhecer sim, mas ativamente, com saúde e
qualidade de vida.
No entanto, as
adequações do mercado com relação às necessidades específicas desse nicho ainda
são recentes. Existem empresas desenvolvendo aparelhos celulares, por exemplo,
com teclado e números maiores, bateria de longa duração (cerca de 10 dias) e
tecla de emergência em destaque. Questões de mobilidade, etiquetas e provadores
maiores, entre outros, ainda precisam de atenção.
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Campanha Publicitária Construtora Tecnisa |
LGBT
(Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros)
Esse é um tipo de
público com grande potencial pela diferença no estilo de vida.
O fato de não terem filhos contribui para o bom poder aquisitivo (chegam a
gastar 3 vezes mais do que o público heterossexual), uma vez que não possuem
determinadas despesas. Caracterizam-se pela fidelidade as suas marcas
preferidas, investem mais em educação e carreira e estão interessados em
inovação e qualidade. Não fazem questão de produtos específicos, e sim de terem sua condição reconhecida e serem tratados de forma igualitária,
sem exclusão.
Grandes empresas
estão investindo em treinamento de pessoal para que o atendimento seja o mais
natural possível e não gere constrangimentos ao consumidor, incluindo em seu
quadro de funcionários pessoas que vivam essa condição e sejam capazes de estabelecer
discussões saudáveis e alternativas para a melhoria no convívio e o desenvolvimento
de novos produtos e serviços.
A Parada Gay é o principal meio de divulgação, mas existem políticas
de comunicação pelas redes sociais e apoio a ONGs e causas do movimento.
Não se trata de
reprimir a compra por impulso, em alguns momentos pode ser até motivadora, o
preocupante é quando o ato de comprar se torna uma compulsão. Sabendo disso,
podemos identificar esses argumentos, estabelecer limites e fazer bons
investimentos e não meros gastos, pelas escolhas conscientes!
CONSCIENCIA
Do latim CONSCIENTIA – conhecimento próprio, senso moral, noção do
que é direito.
CONSCIRE – ser mutuamente alerta – COM junto com + SCIRE – saber, conhecer.
CONSUMIR
Do latim, CONSUMERE - gastar, esgotar, destruir + apoderar-se,
tomar, agarrar.