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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Consumo Consciente



Consumo sustentável é um tema bastante debatido nos últimos anos: o impacto ambiental, as mudanças climáticas, acúmulo de lixo e uma data de conscientização 15 Outubro – Dia do Consumo Consciente. Contudo, existem alguns outros aspectos sociais e pessoais que precisam ser tratados em conjunto.

Cada um de nós é responsável pelos próprios atos de desequilíbrio consumista! Mas, é certo que recebemos uma ajudinha... Corpo, alimentação, animais de estimação e filhos passaram a precisar urgentemente de produtos e serviços que sequer existiam antes. Quais, então, são os fatores que influenciam nossas atitudes a ponto de comprarmos por impulso?

Os mais preocupantes são o despreparo para lidar com a cultura de consumo imposta pelo mercado em geral e a exposição ao stress diário, que colaboram com o agir do pensamento preguiçoso. Pensar dá trabalho, então, procuramos entretenimento para manter a mente distraída, afastada de situações que perturbem ou causem desconforto.

Os estrategistas em “Marketing de Consumo ou Marketing Comercial” são bem informados e se dão ao trabalho de pensar no seu lugar. Estudam o comportamento motivacional cíclico das pessoas, características individuais, nível social, cultural, suas ações e reações em relação à frustração (comportamento ilógico ou sem normalidade; agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida; nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios e digestivos; falta de interesse pelas tarefas ou objetivos; passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência à mudanças, insegurança), sua percepção de valor e preço (pelo quê estão dispostas a pagar mais), variáveis de postura quando a compra é pessoal ou para presentear, e possíveis maneiras de interferir em seu estado emocional, despertar  desejos e provocar mudanças nos hábitos de consumo e no modo como suprem suas necessidades, assim consideradas:

DESMOTIVACIONAIS

·      Fisiológicas ou do corpo (fome, sono, sexo, excreção); 
       Segurança física e emocional (abrigo, emprego estável, plano de saúde, seguro de vida);

MOTIVACIONAIS

·     Sociais ou de relacionamento (amor, afeição, pertencer a um grupo)
      Status (autoestima, reconhecimento de nossas capacidades, desempenho);
Auto realização (social, física e espiritual).

Tentam de forma constante convencer seu público alvo. Criando novas necessidades de forma racional, facilitando o pagamento, preenchendo o emocional com estímulos sensoriais, utilizando-se de ferramentas de propaganda e publicidade inseridas nos diversos canais de mídia (TV, internet, radio, revistas especializadas, catálogos, outdoors, etc), elevando cada vez mais os níveis de expectativa e estilo de vida.
Esse é o papel e a função desses profissionais na economia, na política e no social, aceitável no aspecto mercadológico, questionável, porém, no aspecto ético.

MULHERES:
Direcionamento para a chamada “compra emotiva”, como reação diante da intensidade do estímulo e das circunstâncias, desencadeando ondas de euforia, depressão, pânico, ódio ou paixão.
A emoção é uma experiência de duração breve, acompanhada por componentes físicos, motores e glandulares, com alteração da produção hormonal de serotonina, primariamente responsável pela nossa percepção do nível de recursos atual em relação ao que é preciso para sobreviver.

 HOMENS:
O interesse do público masculino é despertado pela praticidade, eficiência e resultados que o produto ou serviço oferece, além de aparência e design. Também é preciso objetividade, rapidez e diferencial no atendimento, qualquer dificuldade faz com que mude de ideia. Não por acaso, compras pela internet são as preferidas desse grupo... Nos espaços físicos, os itens são dispostos de forma organizada, por marca e tipo, fáceis de achar e ao alcance das mãos.  A necessidade aqui é a de status, por isso a publicidade explora bastante os conceitos de arrojo, virilidade, aventura, sensualidade e conquista, de preferência com as presenças da figura feminina e da cor prata.

CRIANÇAS:
As crianças são instrumento de mudança no comportamento e nos hábitos de consumo da família, por conta que muitos pais cedem aos seus desejos (quer pelos sentimentos de nostalgia: lembranças da infância, eu não tive..., quer pela insistência!), além dos pequenos servirem como elo para levar a família aos centros de compras. Daí serem altamente expostas a influência da mídia, como futuros consumidores de determinadas marcas ou serviços incutidos em suas mentes desde cedo.
As estratégias mais utilizadas para atraí-las são produtos ou eventos com personagens de desenhos animados e brindes. Disponibilidade de playground, cinema, parques e espaços temáticos tal os da época do Natal, com Papai Noel.

JOVENS E ADOLESCENTES:
São tratados como “público de reabastecimento”, de renovação a cada década ou menos. Curiosos e rebeldes, buscam símbolos de representação da vida adulta.
Alvos preferidos da indústria do fumo, que apela para paladar e visual, cigarros saborizados em embalagens modernas, mais longas e estreitas que remetem a idéia de beleza, sucesso, liberdade, poder e inteligência.
Capitaliza sua imagem pelo patrocínio a eventos de grande porte que contam com a ampla cobertura da mídia, como festas de público seleto e a Fórmula 1.
Enquanto em outros países o maço de cigarros chega a custar o equivalente a R$ 19,00, no Brasil a média de preço fica em torno de R$ 3,00...


TERCEIRA IDADE
A expressão “Terceira Idade” foi adaptada do francês e nada mais é do que uma forma de tratamento das pessoas com mais idade que não adquire conotação depreciativa. De fato, despertou para um público que em nada se aproxima do conceito conservador de IDOSO, atualmente o tema é “socialização e gestão da velhice”.
Essa faixa etária é considerada a GERAÇÃO A: Autênticos, Ativos e querem tudo pra Agora! Uma geração disposta a quebrar paradigmas, rejeita rótulos e estereótipos.
Dispõem de tempo e renda para as compras, querem experimentar muitas coisas, trocam de marca com facilidade – preocupação constante da indústria de cosméticos - e estão inseridos no ambiente tecnológico. Envelhecer sim, mas ativamente, com saúde e qualidade de vida.
No entanto, as adequações do mercado com relação às necessidades específicas desse nicho ainda são recentes. Existem empresas desenvolvendo aparelhos celulares, por exemplo, com teclado e números maiores, bateria de longa duração (cerca de 10 dias) e tecla de emergência em destaque. Questões de mobilidade, etiquetas e provadores maiores, entre outros, ainda precisam de atenção.

Campanha Publicitária Construtora Tecnisa
LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros)
Esse é um tipo de público com grande potencial pela diferença no estilo de vida. O fato de não terem filhos contribui para o bom poder aquisitivo (chegam a gastar 3 vezes mais do que o público heterossexual), uma vez que não possuem determinadas despesas. Caracterizam-se pela fidelidade as suas marcas preferidas, investem mais em educação e carreira e estão interessados em inovação e qualidade. Não fazem questão de produtos específicos, e sim de terem sua condição reconhecida e serem tratados de forma igualitária, sem exclusão.
Grandes empresas estão investindo em treinamento de pessoal para que o atendimento seja o mais natural possível e não gere constrangimentos ao consumidor, incluindo em seu quadro de funcionários pessoas que vivam essa condição e sejam capazes de estabelecer discussões saudáveis e alternativas para a melhoria no convívio e o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
A Parada Gay é o principal meio de divulgação, mas existem políticas de comunicação pelas redes sociais e apoio a ONGs e causas do movimento.



Não se trata de reprimir a compra por impulso, em alguns momentos pode ser até motivadora, o preocupante é quando o ato de comprar se torna uma compulsão. Sabendo disso, podemos identificar esses argumentos, estabelecer limites e fazer bons investimentos e não meros gastos, pelas escolhas conscientes!

CONSCIENCIA
Do latim CONSCIENTIA conhecimento próprio, senso moral, noção do que é direito.
CONSCIRE – ser mutuamente alerta   COM  junto com + SCIRE – saber, conhecer.

CONSUMIR
Do latim, CONSUMERE -  gastar, esgotar, destruir + apoderar-se, tomar, agarrar.








ESTRATÉGIAS DE VENDA DOS HIPERMERCADOS
(Também aplicadas, guardadas as devidas proporções a outros estabelecimentos comerciais)


O objetivo da estratégia de vendas utilizadas pelas grandes redes de supermercados é atrair novos clientes, aguçar seu interesse, oferecendo para tanto a ideia de valor superior de seus produtos ou serviços e manter clientes atuais satisfeitos, quer seja pela qualidade, preço ou atendimento. Suprir as principais necessidades do consumo familiar pela praticidade de encontrar tudo num só lugar, por funcionar em horários alternativos, a segurança e a comodidade de um estacionamento, além de serviços alternativos, lazer e entretenimento para garantir frequência e fidelização. A intenção é fazer o consumidor permanecer o maior tempo possível no ambiente, aumentando as chances de compra por impulso.


  • ·         Tudo começa no estacionamento. Geralmente os carrinhos já estão a sua espera, com capacidade para transportar grandes volumes, assim você preenche a sensação de vazio, não deixando nenhum espaço sem mercadoria! Se só vai pegar uma coisinha, para sua comodidade, os carrinhos menores estão no interior da loja (desenhados com dois andares de grades, pra você não se dar conta que tem capacidade apenas 20% menor do que os grandes...) E as cestinhas, já prestou atenção como são profundas e resistentes? Se tiver filhos ou alguma dificuldade de locomoção, há carrinhos especiais. Só tem uma entrada, sempre pelo lado direito, criando um circuito de percurso pela loja, não tem como errar!

  • ·         Agradar os cinco sentidos (tato, olfato, visão, audição, paladar) é o segredo. Você já percebeu que a temperatura é sempre amena – pode estar o calor ou frio que estiver do lado de fora? E a chuva, consegue ver ou ouvir? É claro que não. Os telhados e coberturas recebem tratamento acústico e, não tem janelas, já reparou? A rádio com programação própria e música ambiente mantém sua mente tranquila para suas compras e anuncia as ofertas do dia. Nada incomoda ou desvia sua atenção dos produtos...

  • ·         Logo na entrada ficam as chamadas Bancadas Temáticas, com produtos “tentadores”, de apelo visual, como eletrônicos  e os sazonais –  Material escolar, ovos de Páscoa, Flores para o Dia das Mães e da Secretária, brinquedos para o Dia das Crianças, ferramentas para o Dia dos Pais  – todos de fácil acesso, que aproveitam o seu carrinho ainda vazio...

  • ·         Os produtos de primeira necessidade ficam laaá... no fundinho e longe uns dos outros. Coincidência, não? Você tem que passar por toda sorte de supérfluos (na ida e na volta) antes de chegar aos estreitos corredores, com espaço para não mais do que dois carrinhos, que te deixam bem próximo das prateleiras e daqueles produtos que você nem está procurando, mas pode se interessar, enquanto espera o caminho ficar livre.

  • ·         Que dizer quanto à disposição dos itens nas prateleiras? Nem sempre os produtos com enormes etiquetas de desconto, coloridas, são os mais baratos. A altura dos olhos, ficam os mais caros, ao alcance das mãos, os que você leva por impulso e que proporcionam maior margem de retorno ao mercado, embaixo, os que chamam a atenção das crianças e as opções mais econômicas, quase sempre de marcas menos conhecidas. Lá no topo, onde é difícil pegar, ficam os produtos com menor margem de retorno. Complementares estão sempre perto, como os refis dos produtos de limpeza, e a adega de vinhos dos queijos...

  • ·         Cruzando os corredores estão os espaços para as conhecidas “ilhas”, gôndolas centrais com diversos produtos em destaque, frutos da negociação com fornecedores para consumo a curto prazo, via promoções  – repare que não há outros produtos similares por perto, para comparação do preço...

  • ·         Há quanto tempo você já está fazendo suas compras? Olha aí, no relógio de parede. Não tem , né? Com certeza já deve estar cansado de andar e com fome, aposto que já sentiu o cheirinho de café expresso preparado com grão torrado na hora ou do pão quentinho! E a promotora da degustação? já experimentou o novo sabor de salgadinho? Na saída tem os expositores, com bebidas variadas, geladinhas para matar a sede!

  • ·         Cadê os produtos de panificação? Não se preocupe, a iluminação de qualidade e na intensidade certa vai te ajudar a identificar os toldos e placas coloridos: vermelho para as carnes, verde para as verduras, azul para os peixes e refrigerados; e as gôndolas mais requintadas de madeira polida ou outro material, que elevam o produto a condição de nobreza, vendendo a ilusão do conceito.

  • ·         Procurando o leite? Esta semana está disposto em outro corredor. Como propositalmente não existe mapa do layout e a disposição dos produtos é alterada a cada 20 dias em média, junto com a decoração, os produtos em destaque, as promoções e as ofertas: vai ter que andar pelo mercado pra procurar...

  • ·         Terminou? hora de ir para o Caixa... Apesar de todo o esforço para o rápido atendimento, tem que esperar sua vez na fila.  Enquanto aguarda, você pode completar seu carrinho com os diversos pequenos produtos, em embalagens individuais e de preços de engasgar que farão toda a diferença no total a pagar - com o cartão de crédito do próprio estabelecimento, sem dúvida, que oferece vantagens, inclusive a facilidade de pagar a fatura no mês seguinte, no próprio caixa do mercado, junto com as novas compras – porque em cartões de outras bandeiras a compra não pode ser parcelada ou são cobrados juros. Ah, não esquece de empacotar tudo nas sacolinhas com timbre do supermercado, pra ajudar no transporte, na propaganda e pra você se lembrar de voltar!!


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